28 de novembro de 2013

O novo “Poker” da Land Rover

Sonha-se com mais um ano em grande. Porque é também em grande que a marca (originariamente) britânica pensa e constrói. São muitas as toneladas a que já habituou os seus entusiastas e em 2014 esperam-se muitas mais, mas na forma de novas tecnologias e detalhes de construção. Sem descurar a portentosa – mas pouco evolutiva – imagem que sempre distinguiu e distingue os já mais de 65 anos da marca.


Uma apresentação feita em dois dias, ao longo das estradas de três países – Suíça, França e Alemanha –, com o objetivo de conhecer os quatro modelos que marcarão o ano vindouro. Como que brincando com os números, a Land Rover fez all in e revelou a sua mão: o reformulado Sport com um 4,4 V8 Diesel; o novo Evoque com caixa automática de 9 velocidades; o Hybrid, primeiro híbrido construído pela marca e com uns entusiasmantes 340 cv; e, para os mais nostálgicos, o acarinhado Discovery com um novo motor V6 a gasolina.

O Range Rover Sport é considerado, entre todo o espólio, como o turbo diesel da performance e da facilidade de condução, independentemente das condições – com direito a uma potência máxima de 339 cv e um binário de 700 N.m. Nas mãos sente-se a sua adaptabilidade a todo o tipo de troços e a jovialidade com que os percorre. É o tipo de veículo que define a diferença entre o prazer de conduzir e a necessidade de o fazer, tendo a brilhante capacidade de conjugar ambos os conceitos.

Equipado com uma caixa automática ZF de 8 velocidades, este SDV8 consegue ir dos 0 aos 100 em 6,9 segundos e atingir uma velocidade máxima de 225 km/h. Construído com alumínio de peso reduzido – o que lhe vale uns elegantes 2400 kg – e equipado com os maiores trunfos tecnológicos no que à segurança e ao conforto diz respeito, o Sport vem definir a linha de construção da marca. Em si concentra todas as mais novas tecnologias de auxílio à condução, como seja o caso do “Reconhecimento de Sinais de Trânsito” que, por exemplo, alerta o condutor para o impedimento de ultrapassar em determinados locais; do “Aviso de Saída de Via”, que aciona uma vibração no volante quando o condutor transpõe os limites da via onde segue; do “Estacionamento Perpendicular”, que especifica se o espaço escolhido é suficientemente amplo para a manobra antes de direcionar o veículo para o mesmo; da “Deteção de Trânsito em Marcha Atrás”, que impede colisões aquando da saída de um lugar de estacionamento; e do “Sensor de Passagem a Vau”, um preferido dos aventureiros, que utiliza sensores colocados nos espelhos exteriores para medir a altura da água quando se atravessa um lago ou riacho.

Para os interessados, os preços em Portugal vão dos 88 aos 150 mil euros, conforme o motor e o estilo escolhido para os interiores. E é aí que tudo ganha mais interesse, graças ao novo Pack Black Design. Este pack encontra-se disponível nos modelos Vogue e Autobiography e incorpora um conjunto de componentes com acabamento Gloss Black. Há alterações para todos os gostos e vão desde o logótipo Range Rover no capot e tampa da bagageira, passando pela grelha dianteira e pelos puxadores exteriores, às (imagine-se!) porcas das jantes – entre outras. Essas mesmas jantes não escaparam a esta tendência personalizável e podem agora ser encomendadas com um novo acabamento e em dois possíveis tamanhos: 21 ou 22 polegadas. No habitáculo germinaram, à semelhança dos campos por onde este Range Rover gosta de passear, algumas novidades e é agora possível ajustar eletricamente a secção superior dos bancos dianteiros, aquecer todos os lugares quando se começa a sentir o frio do inverno e ver um filme relaxadamente, tanto atrás, com os ecrãs opcionais de 10,2 polegadas, como à frente, no ecrã do computador de bordo que consegue criar, com uma tecnologia de tipo dual display, uma imagem para o condutor – que não pode ver conteúdos media enquanto conduz – e outra para o seu acompanhante – que, tal como os passageiros que circulam atrás, tem todo o direito ao entretenimento.

A nona potência do Evoque
Percorrer montanhas, descer desfiladeiros e enfrentar descidas enlameadas é o seu programa para os fins de semana? Mas continua a ser um simples ser humano, com um trabalho das 9h às 18h, uma família e uma casa nos subúrbios? É que a Land Rover aperfeiçoou o veículo já perfeito para si. O Evoque, um dos veículos da marca com mais sucesso de sempre – com mais de 170 mil vendas em apenas 18 meses –, tem hoje um novo e melhorado design, tanto no exterior como no interior, uma “Transmissão Integral Ativa” – só disponível na versão a gasolina –, que permite a ligação automática do sistema de tração integral sempre que o mesmo for necessário, e sete novas funcionalidades de auxílio à condução – as mesmas que o Range Rover Sport. Para além disso, traz ainda consigo melhorias capazes de reduzir o consumo de combustível em até 11,4 por cento e as emissões de CO2 em até 9,5 por cento.

Com um conceito urbano empolgante aliado a uma quase necessidade de aventura, este novo Evoque vem de cara lavada, ainda que sejam muitas as poças por onde o vai querer “passear”. Na versão a gasolina, a forma como liga os seus 240 cv às rodas é estonteante e roça a perfeição. Tudo fruto da famosa caixa de nove velocidades – a primeira instalada num veículo de passageiros – que se adapta rapidamente ao estilo de condução, sem nunca deixar de exigir ao motor o máximo, graças a uma troca perfeita e eficiente entre mudanças. É na altura das ultrapassagens que tal se torna evidente (e indispensável) com transições de caixa instantâneas e em kick-down. A Transmissão Integral Ativa incorpora também a tecnologia e-Diff que distribui o binário entre as rodas traseiras, otimizando a tração e estabilidade.

Este colosso tecnológico vem disponível com dois motores a diesel – os já conhecidos 2.2, um com 150 cv e o outro com 190 cv – e um a gasolina – 2.0 turbo de 240 cv. A nível de equipamentos são quatro as escolhas possíveis – Pure, Pure Tech, Dynamic e Prestige, por ordem de luxos. Depois é optar pela versão cinco portas ou coupé, sendo que só as variantes a diesel disponibilizam transmissão automática ou manual. A baliza de preços vai dos 44 aos 65 mil euros.
 
Híbrido para todo o lado
Cedo se aprende que misturar água e eletricidade não traz os melhores resultados. Acrescente-se ainda buracos, terra, pedras e, por todo o lado, subidas e descidas ímpias e comprove-se, da melhor forma possível, que o novo Range Rover Hybrid é capaz de as enfrentar da mesma forma que os seus “familiares” na Land Rover o fazem. Ou ainda com melhores resultados. Foi assim que o primeiro SUV premium híbrido diesel do mundo ao mundo se apresentou. Com direito a tira-teimas off-terrain nas florestas francesas, houve tempo para tudo: subir e descer colinas enlameadas, trepar por entre pedras e árvores mortas, transpor troços com inclinações laterais de mais de 30º graus e ainda atravessar ribeiros onde a altura da água ultrapassava a cintura de qualquer indivíduo de estatura média. E a verdade é que o Hybrid se portou à altura, com os controlos de tração ativos, as câmaras e os sensores que rodeiam todo o chassi ligados e com um aumento na altura do veículo, de forma a controlar saudavelmente o movimento e a flexibilidade do eixo frontal e traseiro. Prova ultrapassada sem um único arranhão. Complicado foi remover a lama das jantes de 22 polegadas.

O sistema de propulsão deste novo Range Rover incorpora quatro modos selecionáveis pelo condutor – EV Mode, EV Mode Off, Sport Mode e Auto Stop-Start Off –, e conjuga o popular motor de 3 litros SDV6 diesel com um motor elétrico de 35 kW (48 cv) integrado na caixa automática ZF de oito velocidades. É possível portanto oscilar entre condução a combustível e condução a “energia limpa”, se bem que, na realidade, o modo EV, que permite conduzir o veículo exclusivamente com propulsão elétrica, obriga à anulação de quase todas as features do veículo - ar condicionado, monitores na cabeça dos assentos da frente, utilização completa das funcionalidade do computador de bordo – para que possa funcionar...durante escassos minutos.


É no fundo um bom projeto. Mas ainda um projeto. O futuro trará melhorias neste inovador sistema híbrido. Ainda assim, é um veículo que vale por toda a sua multidisciplinaridade. E vale uns respeitosos 142 mil euros.

Discovery mais simples
Para muitos, o melhor ficou para o fim: o Discovery 4 3.0 SDV6. Ficou também aquela que poderá ser a única desilusão do grupo: é que as alterações e melhorias são escassas e cingem-se, na sua maioria, ao design e à construção dos componentes exteriores. Quis a marca britânica que este galardoado ganhasse também uma identidade própria. Retiraram assim o nome “Land Rover” do capot e substituíram-no por “Discovery”. Mas é preciso mais do que isso. A única diferença que vale a pena assinalar deste para o modelo passado é a possibilidade de optar entre duas versões de tração às quatro rodas: ou com a nova caixa de transferência de velocidade única ou com a caixa de transferência de dupla velocidade. Os tipos de motor são dois: SDV6 e TDV6. O primeiro com 211 cv e o segundo com 255 cv, ambos com uma velocidade máxima de 180 km/h e a chegarem aos 100 km/h em 10,7 e 9,3 segundos respetivamente. Os preços vão dos 74 aos 93 mil euros.
Artigo presente na edição de 27 de Novembro do semanário AutoSport

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