9 de maio de 2010

Benfica sagra-se Campeão Nacional

Cinco anos depois o Benfica volta ao Marquês de Pombal. Com Jorge Jesus a encabeçar uma total transformação em todo o plantel, com Rui Costa a aproveitar ao máximo todos os esforços financeiros e económicos atraindo os maiores nomes e futuros potenciais grandes jogadores e com o ainda presidente, Luís Filipe Vieira, a dirigir um novo ciclo, a dirigir um diferente e novo Benfica, os Encarnados conseguiram assim traçar um novo rumo, um rumo que só poderia ter como grande objectivo, como grande linha de chegada, a conquista do Campeonato Nacional de 2009/2010.
Os Benfiquistas já desesperavam. Não é fácil deixar escapar um 32º título nacional durante quatro anos seguidos, ainda para mais quando esses quatro anos acabam por ser cilindrados - no bom uso da palavra - pelo eterno rival, o Futebol Clube do Porto. Não é nada fácil baixar a cabeça a um Benfica apático, muito translúcido e nada lutador. Não é simplesmente natural, para um verdadeiro Benfiquista, amar um clube que não se quer amado. O Benfica de há uns anos para cá nunca se encontrou. Pior: nunca se quis encontrar. Foi o exemplo perfeito do sempre carismático e louco Sebastianismo: os tempos seguiam, mas continuávamos dependentes e esperançosos pelas vitórias do passado. Não se procurava um caminho por onde seguir, procurava-se um sonho. O problema é que os sonhos sonham-se, não se desenterram.
Já perceberam, por esta altura, que visto de encarnado. Sim, é bem verdade. Sou Benfiquista desde pequeno e desde pequeno que encontrei neste emblema uma outra hipótese de sonho, uma outra hipótese de morrer de amores, de morrer de loucura, pela incerteza inerente a um jogo de futebol, pela certeza de nunca vir a conseguir encontrar nesta instituição, neste clube, um sentimento de total conquista, mas sim, um sentimento de luta, de garra e de total entrega. Isso é para mim o Benfica...um nada que nos nossos pequenos corações forma um berrante e saltitante todo. Tal qual as ditas papoilas que Luís Piçarra cantou um dia a plenos pulmões.
O Benfica mudou, mudou-se e diria, até, que nos mudou a todos um pouco. Quis-se uma nova imagem, mas, acima de tudo, conseguiu-se uma nova atitude, uma nova postura. Os jogadores entravam em campo e o que se via era total dedicação, era amor. Até aqueles que nunca tinham tido o prazer de ouvir ou ver o Benfica por uma única vez nas suas vidas, souberam, em poucos meses, dar não só uma parte de si, mas um todo, um 110%, às esperanças e às lágrimas conjuntas de milhões e milhões de adeptos encarnados pelo mundo fora. O Benfica jogou à Benfica e o povo aplaudiu!
Ao contrário destas tristes tentativas dos Media em arrancarem os materiais possíveis e impossíveis a este tema do dia, eu venho aqui, ao meu simpático espaço de escrita, dizer, afirmar, que não foi o Di Maria, com toda a sua alegria e espontaneidade, nem o Cardozo, com toda a sua resiliência e veia goleadora, nem o David Luiz, com toda a sua garra e inesgotável pulmão, que conseguiram levar a Águia ao primeiro lugar. Não foi Jorge Jesus. Muito menos terá sido Rui Costa, o para sempre ídolo, ou mesmo Luís Filipe Vieira. O Benfica sagrou-se hoje campeão porque fomos, pela primeira vez numa década, um clube, uma paixão, uma união...uma só voz. Voz que, com todo o mérito, conseguiu sobrepor-se às restantes, sempre com talento, técnica e muita beleza à mistura.
O que sabe melhor? "Saber a pouco", palavras de Aimar.

Obrigado, Benfica!