A Danone saiu um dia de casa e pensou para consigo mesma: "A malta já não lambe muito para os iogurtes, pa. Agora os jovens só gostam é de cerveja, sangria e shot's com labaredas. O que há-de, então, uma marca milenar, como eu, fazer? Como hei-de contrariar tal frustrante tendência alcoólica?!" Escusado será dizer que a Danone também já tinha comido a sua considerável conta de sopas de cavalo cansado quando teve a brilhante ideia de trazer ao mundo, nada mais, nada menos, que: O iogurte "Grego"!
Até aqui tudo bem. Era preciso um chamamento! Era preciso um novo produto que despertasse paixões e levantasse a colher de multidões! Era preciso um iogurte que deleitasse bocas e suas associadas línguas! Era preciso um sabor dos deuses! Era preciso uma paixão, uma daquelas de enlouquecer o mais são dos seres humanos! Era preciso o "Grego"! Ó se era, ó se era!
Meu Deus, como esperámos por tal pequeno e delicado boião de vidro! Jesus Senhor, quanta punição aguentámos só para irmos, sem medos, ao "Grego"! Obrigado ó imponentes e sempre omnipresentes analistas, investidores e accionistas da Danone! Que a consistência iogurtica ilumine a vossa emblemática presença e os vossos sempre conjuntos esforços! Hoje há o "Grego"! Há dias em que o mundo ganha sentido, se os há!
Saiu então o "Grego". Saiu com toda a sua força e pujança. Saiu e conquistou. O malandro, com a sua bela textura e interessante cor, piscou logo o olho a tudo o que eram fêmeas malucas pelas dietas e fê-las esquecer o fatídico selo Light, fê-las esquecer o marido que chega tarde a casa, fê-las esquecer os tachos e panelas por lavar, fê-las esquecer o sacana do puto que anda a comer macacos e a levantar as saias às meninas em vez de prestar atenção nas aulas. Esqueceram tudo, tudo isso e, assim, fervorosamente, ele levou-as a si, levou-as ao "Grego"! E como elas gostaram! Como elas gostaram do "Grego"! Mas ele não se ficou por aí. Não! Afinal, era o novo trunfo da Danone. Era o menino de ouro lá do sítio, não lhe bastavam, pois, as donas de casa ou as mães solteiras com dois empregos e turnos extra para dar e vender. Ele queria mais!
Lavou então o boião, penteou preciosamente o seu topo cremoso, escorreu a chata da aguadilha da qual ninguém gosta, ajeitou as simpáticas letrinhas cravadas em relevo no seu vidro, pediu uma caixa de cara lavada e inovadora aos tais dos accionistas e à malta do marketing e lá foi ele, todo gingão, encontrar não quem quisesse um "Grego", mas desafiar mundos e fundos a irem ao "Grego", a precisarem do "Grego" como nunca a história da humanidade havia visto ou escrito nas suas largas páginas de existência. E agora é a criança, é o bebé, é o avô, é o próprio do jovem que já largou a garrafa de litro e meio para botar a colher no tal do vasilhame, sem tara perdida, refira-se, para fazer o favor ao sacaninha do estômago que ronca e pede por alimento. Agora comemos "Grego"! Agora ligamos a televisão e ouvimos "Compre já o novo 'Grego'! É delicioso e ajuda à digestão!". Agora saímos de casa e levamos com uma descarga de "Grego" em cima, espalhado pelas prateleiras dos supermercados, dentro dos frigoríficos das famílias e colado em cartazes, daqueles bem grandes e que dizem "O SEU ANÚNCIO AQUI!".
Leiam isto, meus caros amigos da Danone. Leiam isto com muita atenção e depois respondam à seguinte pergunta: Não seria possível arranjarem uma merda de um nome que não me fizesse pensar em vomitado quando meto uma porra de uma colher cheia de iogurte à boca?!
Obrigado e um bem-haja.
"Danone Grego": O melhor Grego para qualquer Labrego!