18 de dezembro de 2013

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PAOK. É essa a sigla pela qual responde o Panthessalonikeios Athlitikos Omilos Konstantinoupoliton. Não deixando que o supracitado e deliciosamente pronunciável nome nos distraia, é esse o adversário que será servido ao Benfica como appetizer nesta nova caminhada, de faca e garfo, pela Liga Europa. Falta saber se seremos capazes de, em semelhança ao ano passado, chamar “petisco” a todos os emblemas que pela frente nos forem aparecendo. Se dúvidas há, é porque as recentes exibições caseiras vão até agora sabendo a pouco – ou a fuckin’ shit, se formos o Gordon Ramsay e estivermos a falar dos confrontos contra Arouca e Olhanense.

Vale a pena reflectir sobre o que tem falhado? Ou é chover sobre o molhado? Cagar o babete com ainda mais lágrimas e ranho? Já não há serviço de limpeza que nos safe. Nem equipa de desratização que nos valha em tamanho desacerto. Porque quando os tachos, as frigideiras, as facas, os aventais e os serviços de mesa não mudam e o restaurante continua a servir “merdinha”…das duas, uma: ou vem a ASAE e dá a machadada final ou o dono tem o bom senso de não fazer mais ninguém passar a noite junto à sanita. Ou ainda, se quiserem incluir a instituição Sport Lisboa e Benfica na metáfora em causa, inventa-se uma terceira via que se limita a fechar os olhos a toda a matéria fecal que se vai produzindo, reproduzindo e arrastando em campo. Como se, mais tarde ou mais cedo, milhões de fine diners (aka adeptos encarnados espalhados pelo mundo fora) não deixassem de molhar o pão na sua sopinha quando as águias jogam. Trocando por miúdos: esperem a contínua descida de venda de bilhetes tanto em casa como fora e, com ou sem truques de bastidores – ver o artigo do Francisco Vaz de Miranda –, esperem também que a Benfica TV perca terreno para a anteriormente odiada Sport TV. Neste momento? Neste momento eu até mais rápido via o Clube Desportivo Palhavã a dar tareia no Sporting na final da Taça de Honra da Associação de Futebol de Lisboa…na RTP Memória…em 1917! É que este Benfica é tão mau que deu toda uma outra dimensão e força à expressão “muda mas é para a bola”. Façam antes outra coisa: mudem mesmo. Por inteiro.

Enzo Pérez, um dos poucos com direito a sofrer in emjogo.blogs.sapo.pt
A gestão deste meu clube é pior do que a de qualquer restaurante que tenha passado pelo “Kitchen Nightmares”. Valha-nos a Bolsa. Mas a Bolsa não controla um passivo que se arranja e desarranja com a entrada de 22 jogadores em Agosto. Deve ser do calor. E quem saiu para equilibrar as contas? Essa é a melhor parte: Hugo Vieira – o “talento indispensável” que durou época e meia e jogou meia-dúzia de jogos –, Luisinho – coitado que nem teve tempo de conhecer o estádio por inteiro –, Rodrigo Mora – ainda cá andava este?! –, Roderick Miranda – só mesmo para o Kelvin dormir ainda mais contente todas as noites aos pés do Pinto da Costa –, Shaffer – nem comento –, Nolito – és tão inteligente, mister… – e Miguel Vítor, entre outros. Vou optar por nem tecer mais considerações porque para benfiquista desiludido e com temor, meio conjunto de maus jogadores basta.

Aproveitemos então a referência a Miguel Vítor e falemos daquele que será o adversário dos encarnados na Europa: os gregos que habitam em Salónica, na Toumba – nome do seu estádio. Gregos esses que hoje contam com o nosso antigo defesa centro. Defesa esse que, em 27 jogos disputados em todas as competições, entrou num total de 20. E fez ainda 5 golos. Um pouco à frente do português anda normalmente o inesquecível Kostas Katsouranis, que fez 23 jogos e apontou dois tentos. Ora, a primeira pergunta é simples: daqui a umas boas semanas voltamos a cortar os nossos próprios dedos na deslocação à Grécia ou seremos finalmente capazes de pôr a cereja no topo do (sensaborão) bolo? A segunda é preocupante: papamos ou não papamos um clube que não tem sequer hipóteses de ser campeão no seu país? A terceira pode levar à loucura: levamos ou não levamos de/na bandeja uma formação que tem como titulares dois antigos jogadores que o Benfica não teve propriamente grande dificuldade em ver partir?

Sentem-se. A comida está servida.

Artigo presente no sítio de desporto online

4 de dezembro de 2013

O que ainda há de campeonato

O povo português apreciador de futebol tem um hábito, de há uns anos para cá, um tanto ou nada – como hei-de dizer?… – irritante: ainda o campeonato não vai a meio e já clube x ou y – ou se preferirem FCPorto ou SLBenfica – tem legitimidade para encomendar as belas das faixas de campeão. Isto deve-se a um fenómeno muito actual e específico que consiste em observar a disparidade da qualidade entre os dois anteriormente referidos clubes e os restantes que também participam do Campeonato Português. E sim, é exactamente essa a expressão a utilizar: “restantes clubes que também participam”. Ora, é que, e como dizia Rui Alves, Presidente do Nacional, em entrevista à RTP Informação – e por alto tento repercutir as suas palavras –, o que deveria interessar aos altos dirigentes nacionais era tornar o futebol português num futebol mais uno, mais coeso, mais bonito e mais profissional. Porque não é por aí que Benfica, Porto ou – olhando para o panorama actual – Sporting perdem espaço. É, sim, por aí que o ganham. Ganham em competição, ganham em menos “autocarros” em frente à baliza, ganham em jogos disputados do primeiro ao último minuto. Ganham com o facto de os outros não se limitarem a participar, mas também a encantar e a disputar lugares cimeiros – quem não gostou de ver o Paços de Ferreira e o Estoril no ano passado?! E pode até ser que, assim, Portugal vá à Europa…e por lá fique, caramba! É que neste momento quem na Liga Europa está, de lá sairá. E quem na Liga dos Campeões está, para a Liga Europa passará! Mas enfim. Vamos ao que interessa.

A bem ou a mal, o Benfica está em primeiro lugar. Juntamente com o Sporting, sim. E a apenas dois pontos do Porto. Tudo bem. Estamos no caminho certo. É saber não tropeçar. E a verdade é esta: a primeira metade do campeonato está praticamente fechada. Com o Benfica ainda vivinho da silva. Com Jorge Jesus a ganhar jogos a pontapé – ainda que com dúbia qualidade – e sem sequer se sentar no banco de suplentes. O que é que está mal então? Não foi assim que o Porto meteu no bolso os dois últimos campeonatos? Tudo bem, nem uma única derrota acrescentaram às contas. Mas o Benfica também só tem uma: primeiro jogo, única falha. Contra o Marítimo. Que está a fazer uma época relativamente desastrosa. Se temos desculpa? Não, não temos. Mas há alguém a praticar melhor futebol do que nós? Há alguma equipa neste campeonato com um plantel tão preenchido como o nosso? Com as opções de qualidade que nós temos? Com a experiência e com o alinhamento táctico que temos vindo a cultivar há já dois, três anos? Não. Para todas as anteriores perguntas. E até acabarmos a primeira volta do campeonato, só temos um verdadeiro quebra-cabeças para solucionar: o Porto. Com a benesse de que os receberemos em nossa casa. E em nossa casa mandamos nós. Chega de facilitismos. Este é o campeonato do bate-pé. E não deixamos de bater o nosso até conquistarmos o que nosso é.

Olhando para o que ainda aí vem, vemos que temos dois jogos contra dois dos três últimos classificados da tabela (Arouca – em casa – e Olhanense – fora). Depois vamos à margem sul enfrentar o Setúbal, clube que ocupa a 12ª posição, mas que, apesar de tudo, já não perde há dois meses (sendo que aí se deixou vergar perante o Sporting num desastroso 0-4). A fechar, as duas cerejas no topo do bolo: primeiro o Gil Vicente, clube revelação deste ano, e depois o clube que todos vêm pondo em causa: o Porto. Ambos os confrontos em casa.

Ainda que longe, é preciso acreditar in bem-me-quer-benfica.blogspot.com
Optando por não me tornar no tal povo irritante que já é campeão ainda antes de o Inverno se começar a sentir realmente frio, aconselho como prevenção para tal maleita altas doses de calma, serenidade, concentração e preocupação com o nosso percurso. Os outros preocupar-se-ão com o deles. Isto com ou sem tochas à mistura, claro. E já agora, minha família benfiquista: não é por estarmos em primeiro (finalmente)… mas se nem nós acreditamos, quem vai acreditar? O Benfica precisa de nós. Talvez seja desta que o futuro se augure mais brilhante. Afinal, Jesus até já sabe jogar com dois esquemas tácticos. E ambos dão vitórias.

Artigo presente no sítio de desporto online