Amesterdão como pano de fundo. Debaixo de uma luz tímida, filha do mau tempo que se faz sentir, as suas curvas pedem por atenção. Um misto de conforto, serenidade e provocação salta aos olhos e sem se perceber, percebe-se que foi exatamente essa a ideia dos construtores alemães: com uma pitada de sal (e pimenta) trazer para o carro a nossa casa, nós e também a nossa família. O BMW i3 é o futuro no presente. E ao contrário do que é habitual, este presente chega já em Novembro.
Apresentado e, acima de tudo, inspirado no espírito de uma cidade que não para, que defende o ambiente e que aposta no desenvolvimento de veículos elétricos, o i3 vem mudar a BMW e a sua forma de ver a construção automóvel. Tudo «pelo prazer de conduzir»…mas não só. Em Novembro de 2007 dão-se os primeiros passos no projeto e aí começam os muitos anos de investigação passados junto dos clientes BMW, tudo de forma a perceber as suas necessidades diárias e como usavam o carro para as satisfazer. Os bancos viram “tronos” – ainda que isso implique algum desconforto em viagens mais longas -, em vez de cinco lugares temos quatro (demasiado) espaçosos, nos bancos de trás inserts específicos para cadeiras de bebé e – porque não? – portas traseiras ao estilo suicide para uma saída facilitada e em estilo. Tudo isto englobado naquele que é o conceito de “cápsula”: um espaço amplo onde as próprias janelas – numa tentativa de vista panorâmica pouco conseguida - se tocam e onde toda a família está presente não para viajar, mas pelo prazer que há em viajar. Daí que as quatro possibilidades de equipamentos, da mais acessível para a mais dispendiosa, vêm com os nomes de Atelier, Loft, Lodge e Suite. Como se de um quarto falássemos.
Mas é ao passar para as estradas holandesas que o i3 mostra do que é feito. Nota-se que a suspensão foi pouco trabalhada, talvez por ser um carro tipicamente urbano, ainda que a tração seja estimulante e com direito a algumas brincadeiras nas curvas. A aceleração, ainda para mais com caixa automática, dá-lhe o cognome de “Papa-Semáforos”. Vai dos 0 aos 100 em 7,2 segundos e tem uma velocidade máxima de 150 km/h – limitada eletronicamente. É intuitivo, fácil de conduzir e tem uma boa leitura de estrada, sem perdas de velocidade desnecessárias quando obrigado a lidar com troços mais acidentados. Mas é na relação entre os pedais que encontramos o que este carro tem de mais interessante: se conduzido convenientemente, só em caso de emergência é que temos de usar o travão. Isto porque tirar o pé do acelerador traduz-se numa redução imediata e drástica da velocidade. Assinale-se ainda que nesse processo o motor elétrico assume a função de gerador, injetando na bateria corrente elétrica recuperada através da energia cinética.
Com uma potência máxima de 125 kW (170 cv) e um binário máximo de 250 Nm, o motor alia-se da melhor forma a uma bateria com autonomia para 190 quilómetros, o que corresponde a 130-160 quilómetros em condução urbana. Para ajudar a gastos menores a BMW disponibiliza ainda três modos de condução: o Eco Pro +, que dá ao veículo o controlo total da condução, desativando inúmeras opções e limitando a velocidade até aos 90 km/h; o Eco Pro, com um tipo de condução racionalizada, principalmente nos arranques e travagens, mas livre; e o modo Comfort, onde está tudo à nossa responsabilidade.
Para os que gostam da “tradição” de dar prendas a si mesmos, em Portugal o BMW i3 ficar-se-á nuns “simpáticos” 38.250€ ou com renda mensal de 650€ como produto renting. Boas festas!
Nova forma de poupançaAinda receoso de que o futuro não passa pelos veículos elétricos? A BMW dá uma ajuda: Em comparação, os custos de manutenção e reparação descem aproximadamente 20%, na medida em que os materiais utilizados na construção deste i3 são na generalidade plásticos reforçados com fibra de carbono, muitos deles reciclados. Isto permite que em caso de acidente os painéis – mais baratos por si só - se mudem rápida e facilmente e que, por exemplo, um pequeno toque ao estacionar não se torne imediatamente numa amolgadela. Para além disso os motores elétricos são muito mais fáceis de reparar do que os motores convencionais. Já para não falar que deixa também de ser necessário fazer as típicas revisões para mudança do óleo. Junte-se a isto o facto de os automóveis elétricos não terem de pagar imposto automóvel ou imposto de circulação e as coisas tornam-se ainda mais interessantes. Contas feitas? No nosso país, com o preço atual do diesel e da eletricidade, estima-se que num ano (em média 20.000 km percorridos) um carro a diesel, com um consumo médio de 6,5 litros aos 100 quilómetros, irá beber 1879€ em combustível, enquanto um BMW i3, que tem um consumo médio de 14,4 kWh aos 100 quilómetros, irá usar 541€ em eletricidade. Uma diferença de 1338€. Convencido?
Artigo presente na edição de 6 de Novembro do semanário AutoSport
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