Foi assim que Jorge Jesus, na flash interview, respondeu à pergunta se estava ou não satisfeito com a exibição dos encarnados.
Quem viu os 90 minutos deste Domingo, contra os “Negros” da Madeira, também percebeu – tal como Jesus politicamente tentou não dar a entender – que houve mais “vitória” e mais “golo” do que “jogo” propriamente dito. Mas vamos andando. Um pouco como o tempo: que não chove, nem faz sol. Que chateia, mas até agrada.
A Luz fez dez anos. Nuno Gomes foi relembrado por lá ter marcado o primeiro golo. E, talvez por já termos vivido melhores dias, lembrámo-nos também da derrota contra o Beira-Mar no primeiro jogo oficial a acontecer no nosso reduto. Junte-se a isto a necessidade de ganhar, o clássico a Norte e a estreia a titular, no Campeonato, do Cavaleiro Ivan. Concluindo: noite de emoções fortes.
E foi assim que o Benfica entrou: forte. Com uma atitude completamente diferente daquela com que nos “presenteou” na quarta-feira contra os gregos do Olympiakos. Já a estrutura da equipa foi similar: o típico 4-4-2, com Matic e Enzo ao centro, Gaitán à direita e o supracitado estreante à esquerda. A defesa manteve-se, com o regresso de Maxi e a insistência em Siqueira. No ataque, Rodrigo à ajuda e Cardozo na artilharia. Sem complacências encostou-se o Nacional às cordas e dominou-se com ritmo relativamente elevado até aos primeiros 10 minutos. O problema foi o “autocarro” madeirense. E agora? Soluções? Com calma a coisa faz-se…pela esquerda. Brasileiro e português afinaram a voz e, juntos, deram show – não de cantoria, mas de bola. Tanto que aos 15 minutos Siqueira arma-se em número 10 e em combinação com Cardozo faz o primeiro da tarde. Espectáculo…pela primeira vez nas últimas semanas de jogos do Benfica. Depois disto deu para ir à casa-de-banho sem pressas, porque novo lance de perigo só mesmo aos 35 minutos com um falhanço de Cardozo, que achou boa ideia ajudar ao treino de solo de Gottardi. Vamos para intervalo.
Cardozo no bom e no mau in soubenfica.pt |
Ao voltar manteve-se a estrutura…mesmo no Nacional. Muita concentração – como prometera Manuel Machado -, mas pouca raça e pouco atrevimento por parte dos visitantes. Entra Diego Barcellos para dar alguma força e algum equilíbrio ao meio-campo e a ideia até resultou, porque Enzo Pérez foi lentamente perdendo influência na partida e Matic, em consequência, baixou jogo em termos gerais. As alas, no entanto, mantiveram-se em alta rotação e tanto Gaitán como Ivan Cavaleiro subiram claramente de forma com tentativas constantes, ainda que por vezes frustradas. O segundo golo encarnado surge de uma que, pelo contrário, resultou da melhor forma possível: Gaitán serpenteia da direita para o meio, isola Cardozo e o Paraguaio tem tempo para ligar à família a pagar no destino e ainda rematar pelo meio das pernas do azarado guarda-redes do Nacional – que até mostra qualidade, mas não tem oportunidade de realmente…a mostrar.
Para fechar, uma última reflexão – que não passou ao lado dos jornalistas e comentadores: o Benfica acaba um jogo sem sofrer golos, com bola no pé e sem preocupações de maior. Mas terá sido por mérito de uma equipa que joga em casa e que tem a obrigação de ganhar – independentemente de estar ou não a jogar contra o ex-quarto classificado da Liga -, ou por demérito de um conjunto insular que se deixou quebrar pela maior enchente benfiquista deste ano? Agora é ligar a Norte. Desejos de bom jogo!
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